PROJETO GESTAR II
TEMA: A leitura está além das gavetas da escola...
INTRODUÇÃO
Talvez não seja exagero dizermos que 80% das pessoas não gostam de escrever. Não apenas nas aulas de português é claro, mas de todas aquelas aulas que submetem seus alunos a questionários chatos, composições sobre as férias, cópias intermináveis do quadro-negro ou de livros didáticos.
Na sala de aula, o professor está também com freqüência solicitando aos alunos que ouçam com atenção ou falem, para perguntar ou responder. Através dessas perspectivas, sabemos que o educando tem a necessidade de manusear e conhecer outros meios de produção textual, além dos tão conhecidos textos didáticos, procurando tornar naturais as situações de comunicação oral e escrita, ao mesmo tempo em que procurar estimular os alunos à reflexão, análise e avaliação de problemas sociais.
A invasão da internet em nosso cotidiano é uma realidade que cresce a cada ano. A grande variedade de recursos oferecidos através do computador é o grande atrativo que conquista milhares de pessoas, e a torna praticamente indispensável. No mundo escolar não poderia ser diferente, a realidade virtual já faz parte da vida de nossos alunos. Algumas pesquisas demonstram que o uso da internet influencia positivamente ou negativamente na escrita em sala de aula.
É através deste Curso de Formação: GESTAR II de Língua Portuguesa para Professoras de Escolas de Ensino Fundamental, do Município de Imbé com duração de oitenta horas em Língua Portuguesa que os alunos coletivamente e individualmente debaterão e farão atividades sobre algumas propostas sendo levados a desenvolver seu senso crítico e criativo, aplicando suas habilidades artísticas e expressivas, transformando-as nas diferentes atividades: criações poéticas, obras de arte, produções variadas e análises textuais. Visando o uso da linguagem no cotidiano escolar ou não.
Não custa tentarmos desenvolver a linguagem escrita à função de comunicação, sendo que o objetivo principal seja de enriquecer as aulas de Língua Portuguesa, valorizando e dando espaço àquilo que cada um tem a dizer.
Em síntese, penso que o ensino de português hoje, deva abordar a leitura, as produções de textos, as análises em diferentes formas e materiais (notícia, crônica, novela, telas, fotos...), e os estudos gramaticais pela perspectiva de uma língua como instrumento de comunicação, de ação e de interação social, viabilizando o contexto na qual está inserido.
Com tudo, faz-se necessário o desenvolvimento deste curso, programa gestão da aprendizagem escolar, seguido de vários encontros, realizados semanalmente, nos turnos da tarde ou da noite, tendo em vista, desenvolver diversos relatos, avaliações dos encontros, trabalhos com nossos alunos, planejamentos, trocas de experiência e de materiais, produção de um projeto individual ou em duplas por escolas, abertura de um blog ou de produção de um portfolio para que se possa concluir este curso de formação profissional oferecido pela Prefeitura Municipal de Imbé e a Secretaria de Educação, realizado em escolas públicas do Ensino Fundamental para obtenção de uma melhor aprendizagem escolar e valorização do professor em sua área de trabalho.
2. JUSTIFICATIVA
Atualmente o ensino nas escolas têm se mostrado cada vez mais conflitante. Níveis altos de dificuldades de leitura, interpretação e escrita, são agora, considerados de imediato, a prioridade do ensino, pois a cada ano os alunos avançam paro o final do período letivo com tais dificuldades nestas habilidades obrigatórias e essenciais a vida do estudante.
Faz-se necessário uma intervenção mais sintetizada a essas dificuldades de leitura, interpretação e escrita. O que se pode observar ainda, que existem fatores que contribuem para essas realidades como: precariedade de materiais didáticos, sendo estes que também promovem aulas mais atrativas e um maior acompanhamento pedagógico/administrativo da instituição de ensino, além da base familiar desses alunos que muitos dos responsáveis se quer demonstram preocupação com o desenvolvimento estudantil dos seus filhos. Fato esse que se comprova através de ausências em reuniões pedagógicas.
Cada vez mais os educadores buscam métodos diferentes para despertar nos alunos o hábito da leitura, o prazer de ler, imaginar histórias, produzir diferentes textos em diferentes contextos, ser crítico, comunicativo. Externando sentimentos e impressões.
Sabe-se que é preciso entender que a criança é também cheia de conflitos, medos, dúvidas e contradições, não por desconhecer a realidade, mas por trazer em si a imagem projetada do adulto.
Ouvindo histórias, a criança se projeta momentaneamente nos personagens e penetra no mundo da fantasia, vivenciando um contato mais estreito com seus sentimentos e elaborando seus conflitos e emoções. Desse modo, a história funciona como uma ponte entre o real e o imaginário. Por isso a necessidade da leitura, mesmo que semanal é de extrema importância para incentivar e influenciar os alunos a gostarem de ler, escrever, criar e recontar histórias.
O desenvolvimento cognitivo é o aspecto mais importante considerado na Língua Portuguesa e também na Literatura Infantil. Ela proporciona as crianças, meios para desenvolverem habilidades que agem como facilitadores dos processos de aprendizagem. Estas habilidades podem ser observadas no aumento do vocabulário, nas referências textuais, na interpretação de textos, na ampliação do repertório lingüístico, na reflexão, na criticidade e na criatividade, proporcionando então, no momento de novas leituras, a possibilidade de o leitor fazer inferências e novas leituras, agindo assim como facilitador no processo ensino-aprendizagem não só da Língua Portuguesa, mas também das outras áreas do currículo.
Dessa forma, é importante ressaltar a importância da preparação teórica do discente para que na prática ele saiba canalizar as modificações relativas à construção do conhecimento, oferecendo ao educando um produto de qualidade e que possibilite um avanço no seu desenvolvimento biopsicossocial – diz Frantz – “Ele está aprendendo a se reconhecer melhor e também a conhecer o mundo que o cerca”.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O processo da linguagem começou a ser pesquisado a partir do surgimento dos estudos do texto, sendo analisado e observado nas atividades interacionais por ter muitos elementos pragmáticos como pausa, hesitação, alongamento de vogais e consoantes, repetições, ênfases, truncamentos e outros encontrados na fala. A fala se organiza em turnos, com encontros simétricos, onde todos interlocutores têm direitos iguais do poder da palavra, ou assimétricos, onde apenas um dos interlocutores tem direito à palavra.
Para Schegloff (1981: 73), a conversação tem três elementos fundamentais: a realização, a interação e a organização. O sentido do texto só é identificado durante sua realização interacional, formando assim uma produção textual organizada.
Sobre a estrutura da conversação, Ventola (1979) propõe a valorização de variáveis para criar um modelo de organização conversacional: tópicos ou assuntos, tipo de situação, papéis dos participantes, modo e meio do discurso. Estas variáveis trazem o fato de não trabalhar somente elementos lingüísticos.
Assim, um evento comunicativo forma-se por aspectos significativos como:
a) situação discursiva;
b) evento da fala;
c) tema do evento;
d) objetivo do evento;
e) grau de preparo necessário para a efetivação do evento;
f) participantes;
g) relação entre os participantes;
h) canal utilizado para a realização do evento.
A escolha desses itens interfere na determinação específica do evento discursivo.
Numa conversa entre médico e paciente, por exemplo, o discurso é formal, o diálogo é assimétrico porque o médico é quem comanda a conversa e o paciente é um ouvinte não palpitante; apenas aceita o que lhe é dito, podendo assim observar a realização de poder entre eles. A interação face a face é o canal utilizado entre os participantes.
Em um discurso informal a conversa é simétrica, os interlocutores interagem da mesma forma sem que um ou outra tenha o domínio da oralidade. Por exemplo, pessoas com grau de parentesco, colegas de trabalho ou escola, estes se mantêm em um mesmo nível de poder.
Para entender melhor o texto falado, consideram-se algumas características básicas de acordo com a proposta de Dittmann (1979):
a) interação entre, no mínimo, dois falantes;
b) ocorrência de, no mínimo, uma troca de falantes;
c) presença de uma seqüência de ações coordenadas;
d) execução num determinado tempo;
e) envolvimento numa interação centrada;
Com a observação destas características, nota-se que num texto falado deve se ter um assunto comum entre, pelo menos, duas pessoas, para haver uma interação sobre este assunto e uma opinião para expor. Dessa forma, um texto oral é criado a partir de um coletivo.
O modo de interação dos participantes deve ser organizado a partir da interpretação, do conhecimento e da cultura de cada um.
3.2 Conceito de Texto
Segundo o mini dicionário de Língua Portuguesa Aurélio, texto é definido como: “1. As próprias palavras dum autor ou livro. 2. Palavras citadas para demonstrar alguma coisa.” Essa definição um tanto simplista e estritamente dirigida ao sentido tradicional de texto (é apenas a sua forma escrita) não corresponde à profundidade contida nesta pequena palavra.
Bentes e Mussalin (2003) fazem um apanhado sobre as definições de texto empregadas ao longo do tempo, citando, entre outros, Stammejohann, Leontév e Weinrich, terminando por chegar a uma definição mais atual e condizente com os estudos lingüísticos atuais, fazendo referencia a Koch: “Manifestação verbal constituída de elementos lingüísticos selecionados e ordenado pelos falantes durante a atividade verbal, de modo a permitir aos parceiros, na interação, não apenas a depreensão de conteúdos semânticos, em decorrência da ativação de processos e estratégias de ordem cognitiva, como também a interação (ou atuação) de acordo com práticas socioculturais”.
Poderíamos dizer que qualquer tipo de ato comunicativo envolvendo significado pode ser classificado como texto. Assim como letras de música. Podem não corresponder à noção estrita e antiquada de texto, mas o são, pois partem de um contexto, devem ter o mínimo de coesão e coerência e possuem uma mensagem a ser decodificada pelo ouvinte que precisará ter certo conhecimento de mundo para poder apreciá-lo totalmente.
A palavra texto significa tecido. Nesse sentido, o texto é um tecido composto de palavras que se reúnem em frases, períodos e parágrafos. Mas, antes de assumir essa forma, o texto começa na mente de quem vai escrevê-lo.
Os problemas do ensino de redação são visíveis a partir do ensinar as técnicas, macetes, dicas, truques, fórmulas pré-fabricadas de textos, esquemas, roteiros, etc. e não se ensina a pensar, sendo que muitas vezes o assunto a ser desenvolvido do qual, na maioria das vezes, os alunos não tem informação, sequer afinidade ou não percebem alguma aproximação com suas experiências de visa.
Sergio Simka diz que o escrever sempre gerou medo nas pessoas em geral. E escrever dentro dessa concepção, pressuponha conhecer as regras gramaticais, que a escola também não nos ensina. “Somos um misto de sem-língua, sem-texto, sem-escrita, sem-pensamento, com outra porção bem grande de com-medo, com-frustração, com-bloqueios”, afirma o Mestre em Língua Portuguesa.
Produzir um texto numa oficina significa fazer, refazer, fazer de novo uma construção, e sabemos que construir, desmanchar, reconstruir implica tornar mais complexas, mais móveis, mais estáveis as estruturas motoras, mentais, verbais do indivíduo.
Para a professora do Campus de Frederico Westphalen – R.S, Ada Maria Hemilewski, criar um texto, então, não é arranjar ou rearranjar montes de orações e jogá-las ao ar ou no papel: “a produção textual significa a realização de combinações novas de idéias representadas por expressões, termos, frases, sinais, num determinado espaço de tempo, em local preparado para a criação”.
3.3 Níveis de estruturação do texto falado
A estrutura da conversação se organiza em diferentes níveis: o local que se estabelece por meio de turnos, onde os interlocutores falam alternadamente e podem ocorrer: hesitação, sobreposição e assalto ao turno e também momentos de relação em pares (pares adjacentes), ex. pergunta-resposta, convite-aceitação, saudação-saudação, etc. E o nível global que não se limita a apenas um assunto específico, podendo haver um desvio do tópico discursivo, uma regressão: conversa que não é relacionada com o assunto precedente nem com o que se segue.
Segundo Engedore Kock no texto “A Natureza da Fala”, do livro “O texto e a construção dos sentidos” a fala e a escrita utilizam-se do mesmo sistema lingüístico, mas de modalidades diferentes, ou seja, possuem características próprias. Ambas se dão dentro das práticas sociais. Pode-se dizer que a fala e a escrita possuem uma relação intrínseca, assim como os dois lados de uma folha de papel ou as duas superfícies de uma moeda.
Podemos dizer que o texto escrito possui maior densidade lexical, pois se utiliza de uma estrutura formal e mais correta gramaticalmente, enquanto que o texto falado, ao contrário do que se costuma afirmar, é mais complexo na sua estrutura, uma vez que temos plena liberdade de “viajar” durante e no seu desenvolvimento.
Obviamente, há também textos escritos proximamente à fala, por exemplo, os bilhetes, cartas familiares, textos de humor etc., cuja linguagem é mais coloquial e espontânea, assim como na fala.
A gramática tradicional desconsidera, muitas vezes, a relação da fala com a escrita. Desmerecendo a língua falada, com o argumento de que esta é pouco fundamentada e artificialmente formulada e, por isso a gramática ensinada nas escolas direciona-se para a língua formal e escrita.
A fala apresenta características próprias que a diferem da escrita. É relativamente não planejável de antemão, o planejamento e a verbalização ocorrem simultaneamente; o discurso em si é o próprio rascunho. O fluxo discursivo apresenta descontinuidades freqüentes; a fala apresenta sua sintaxe bem característica, mas sem descartar a sintaxe geral da língua; a fala é também um processo dinâmico, diferente da escrita, a qual é resultado de um processo estático, pois não disponibiliza dos mesmos recursos, precisa ser exata, uma vez que não há possibilidades de mudanças após sua concretização.
Durante a interação face a face, o locutor que detém a palavra não é o único responsável pela produção do discurso, ou seja, a fala é uma atividade de co-produção discursiva onde mais de uma pessoa interage tendo um objetivo em comum: a finalidade de desenvolver o contexto. Os interlocutores utilizam estratégias cognitivas conversacionais, para reparar erros, parafrasear, explicar ou re-explicar algo já dito, exemplificar etc.
Portanto a língua falada não é absolutamente caótica ou desestruturada, pois possui, assim como a escrita, estruturação própria e de acordo com a cognição de seu usuário.
3.5 Conhecimento de Mundo
Para interpretar qualquer tipo de texto, o conhecimento de mundo desempenha um papel muito importante. Só podemos criar uma interpretação a partir de nossas vivencias prévias. Por exemplo, muitas pessoas teriam dificuldade de compreender um tratado de física quântica. (Kock e Travaglia, 1990).
As inteligências são variadas e independentes em graus significativos. Todos os seres humanos possuem certas capacidades essenciais em cada uma das inteligências. A inteligência lingüística é o tipo de capacidade exibida em sua forma mais completa, talvez, pelos poetas. O dom da linguagem é universal, e seu desenvolvimento é constante em todas as culturas.
Muitos textos apresentam lacunas que apenas podem ser preenchidas com a bagagem cultural que o receptor possui, como por exemplo, a música. Um fato histórico citado em uma canção só fará sentido para quem sabe do que se trata, caso contrário, será um ponto nulo e sem sentido ou relevância para o ouvinte. A não ser que a pessoa faça uma pesquisa para se inteirar do acontecimento em questão, o que sempre deve ser incentivado pelos professores, para que seja desenvolvido o saudável hábito de pesquisar.
É constituída de uma unidade composta de um ou mais períodos de idéias relacionadas. Os parágrafos podem ser identificados por recursos visuais, organizados com introdução, desenvolvimento e conclusão. A estrutura dos parágrafos pode variar de acordo com o tipo de texto: narrativo, descritivo ou dissertativo.
Um parágrafo bem estruturado apresenta unidade, coerência, concisão e clareza. Como é uma interação à distância não necessita de participação do interlocutor como num texto oral.
UNIDADE- uma idéia principal
COERÊNCIA-mostra o que é principal
CONCISÃO- informações adequadas
CLAREZA- palavras adequadas para atingir a compreensão do texto
Em um texto não se deve apresentar parágrafos repetitivos para que não seja interrompido o fluxo da informação, o que o tornaria redundante e cansativo. Na troca de parágrafo, é preciso continuidade com encadeamento lógico e natural para a existência da coesão e harmonia entre as idéias.
Assim, podemos dizer que a organização da fala e da escrita se dá de diferentes formas, pois a oralidade é espontânea, de momento e, às vezes, é ensaiada, quando já se sabe qual será o questionamento. A escrita é mais formulada, pois pode ser modificada e seus erros corrigidos em uma breve revisão com o objetivo de um melhor resultado final e uma boa apresentação.
3.7 Coesão e coerência no texto falado
Assim como o texto escrito, também o texto falado precisa dos fatores coesão e coerência para se organizar enquanto texto. Estes dois fatores, tanto na visão de Tannen (1984) quanto na de Giora (1985), se completam, ou seja, um contribui para a existência do outro; no entanto, um texto pode ser coeso e não possuir coerência, pois a existência de um não garante a presença do outro.
Coesão não implica coerência, porém coerência implica coesão.
Ex.: “Os meninos dançaram uma casa, mas os passarinhos foram embora”. Todos os elementos coesivos estão concordando no lugar certo, mas não constroem sentido(s) junto(s).
A análise da coesão, no texto falado, é feita de forma específica, a coesão referencial, por exemplo, é estudado através da repetição de palavras, elemento comum no ato da fala. A utilização deste recurso conversacional pode ser vista como uma técnica para se ganhar mais tempo, enquanto o falante ainda não encontrou a palavra exata para se expressar ou não formulou completamente a sua resposta. Este recurso também é visto como uma forma de “segurar” o turno. Ex.: repetir parte da pergunta enquanto a responde.
Dentro desta especificidade da análise da coesão nos textos falados, encontramos a coesão recorrencial, em que o falante também para garantir o seu turno, retoma a pergunta parafraseando-a. Por último, na coesão seqüencial, são analisados os conectores que podem servir tanto para dar continuidade à conversa quanto para interromper um turno, completando-o com uma nova informação.
Durante o ato da fala, existe uma interação muito grande entre os interlocutores. Nesse processo, a busca pelo entendimento é um dos fatores que mais contribuem para a existência de uma coerência. Diferentemente da escrita, durante a fala é possível mudar, em tempo real, o que se está dizendo buscando, sobretudo estabelecer sentido, da mesma forma é possível realizar uma atualização das expressões lingüísticas, adequando-se ao ouvinte. Devido ao fato de a interação ocupar um espaço extremamente importante, a coerência, no texto falado, está bem mais relacionada com a construção mútua de sentidos entre os falantes, do que com o texto propriamente dito, para isso, existem também alguns acordos básicos, fazendo com que a conversação ocorra tranqüilamente. Ex.: estar ciente do tema tratado, saber o que se está dizendo, etc.
Dentro do texto conversacional, existem quatro elementos que são responsáveis pela sua organização:
Turno: É o período de tempo que a pessoa está falando. Ex: pergunta = um turno, resposta = um turno. Ao longo da conversa existe uma sucessão de turnos, sendo que, normalmente, durante o turno, fala um de cada vez e esta fala pode ser breve ou prolongada. Existem casos em que ocorre a sobreposição de turnos, ou seja, locutor e interlocutor falam ao mesmo tempo.
Tópico discursivo: É o assunto sobre o qual se está falando, podendo ser dividido em um tópico maior seguido de sub tópicos. A escolha do tópico discursivo deve ser de comum acordo entre os falantes, pois se um deles não sabe sobre o que se está falando pode afetar o nível de coerência desta conversa. Segundo Aquino, muitas vezes a identificação de um tópico não se dá de modo explicito, já que ele pode ser apenas pressuposto, ou seja, o referencial não se encontra no texto, mas no contexto situacional. Ex.: Num contexto em que um casal combinara ir à praia para passar o fim de semana, o marido (L1), que esperava à porta do elevador, impacientou-se com a demora- tão costumeira- da esposa (L2) e, indignado, porém cuidadoso para não criar indisposição entre eles, dirigiu-lhe a palavra nos seguintes termos:
L1 perdeu alguma coisa?
L2 não por quê? Ta com muita pressa?
L1 eu só: queria te ajudar...
L2 só se eu não o conhecesse...
(conversação espontânea) (FÁVERO, 1999, p. 38)
Marcadores conversacionais: Estes marcadores, característicos da fala, servem para evidenciar o caráter interacional da mesma. Estão divididos em: verbais, prosódicos e não-lingüísticos.
· Marcadores verbais: ex.: então, daí, aí, né, etc.
· Marcadores prosódicos: estão relacionados com a entonação. Ex.: ritmo, tom de voz, pausa (as pausas mais longas servem para o falante planejar o que vai dizer), etc.
· Marcadores não-lingüísticos: são essenciais durante a interação e dependendo da expressão ou gestos, podem iniciar ou terminar uma fala. Ex.: o olhar, a gesticulação, o riso, etc.
Os marcadores conversacionais contribuem para a coesão estabelecendo seqüência, pode-se dizer que eles atuam como uma “pontuação” na fala.
Par adjacente: É igual à pergunta-resposta, quanto ao tópico destas perguntas respostas deve-se levar em conta, entre outras coisas, a relação de intimidade entre os interlocutores. Podem ser utilizados para introduzir, dar continuidade, redirecionar ou mudar o tópico em questão.
3.8 Atividades de formulação
As atividades de formulação oral visam à compreensão, sendo assim o locutor é responsável por deixar marcas em seu discurso que permitam ao interlocutor compreendê-lo. Algumas situações da fala (pois são observáveis somente na modalidade oral, sendo impossível a apreciação delas no texto escrito), as quais serão definidas a seguir, são problemáticas e precisam ser solucionadas.
Hesitação
A hesitação pode ser vista na repetição do mesmo marcador conversacional ("né", "ahn..."), no alongamento das palavras e em pausas constantes, até que o locutor encontre o termo que lhe parece adequado. Sendo a fala uma atividade exercida passo a passo, ela mostra o seu processo de criação durante a sua produção e execução simultânea.
Paráfrase
Através da paráfrase, o locutor reformula uma frase anterior sem alterar-lhe o significado. Este processo visa à melhor absorção de sentido pelo interlocutor. Quando é feita uma generalização (expansão da abrangência do enunciado parafraseado) também ocorre paráfrase. Esta atividade é altamente necessária para a manutenção da interatividade do discurso, fazendo com que a fala fique mais clara e acessível a pessoas com diferentes níveis de conhecimento de mundo.
Repetição
A repetição pode ocorrer por dois motivos, por um lapso momentâneo da formulação oral, quando o locutor procura por um termo específico para dar seqüência à fala, ou para a organização do discurso, gerando uma fala mais compreensível com a repetição de uma idéia ou expressão considerada importante para o texto em questão. Discursos políticos podem empregar a repetição de determinadas palavras para fazer o ouvinte fixar a proposta dos candidatos.
Correção
Através da correção o locutor reformula um termo anterior e procura uma palavra ou expressão mais adequada. Quando um dos falantes considera um termo "errado", ele busca a correção, a reelaboração, do mesmo. Por exemplo, se alguém divulga uma informação equivocada sobre outra pessoa, esta pode utilizar a correção para afirmar o seu ponto de vista e refazer a frase mal formulada, intencional ou não intencionalmente.
3.9 Relações entre fala e escrita
A fala e a escrita são modalidades pertencentes ao mesmo sistema lingüístico, entretanto, apresentam algumas diferenças nas suas estruturas. Estas diferenças são perceptíveis. Pode-se dizer que a escrita é uma modalidade expressiva completa, mas artificial, enquanto que a fala é um processo natural.
Através da fala o locutor tem maior liberdade de expressão; ele não foge das regras, mas as usa de acordo com o objetivo desejado. Na escrita há a necessidade de uma maior atenção às regras da gramática normativa e elementos como coesão e coerência precisam ser atenciosamente elaboradas.
As diferenças entre ambas as modalidades vão além. Na escrita o locutor utiliza um linguajar mais amplo, de palavras polissilábicas e variadas. Na fala, normalmente usa-se palavras curtas e de fácil entendimento. Porém, sempre existem exceções, e dependendo da formalidade do ambiente em que se encontra, o falante pode precisar ou querer imprimir um tom mais culto à sua fala. Da mesma forma, um e-mail para um amigo não precisa ser formal ou ter grandes requintes literários.
Segundo pesquisadores da língua, alguns dos fatores mais relevantes na análise das relações entre participantes da comunicação oral e escrita é o poder/status, preferências/respeito, e a extensão do conhecimento partilhado. Conclui-se com isso que a oralidade ou a escrita é escolhida pelo locutor de acordo com a situação que o envolve.
Ao ser analisada a modalidade da fala, percebe-se que esta é mais versátil, sendo produzida e executada simultaneamente, podendo ser encerrada ou interrompida pelo locutor a qualquer momento. A fala apresenta características particulares, como, por exemplo, a possibilidade de falas incompletas, nas quais detalhes acabam esquecidos, sem serem recuperados.
Com exceção de discursos ou conferências, a fala não é previamente planejada cuidadosamente; ela ocorre de maneira instantânea conforme a situação se desenvolve. Na organização da fala observa-se a sua criação passo a passo, o seu desenvolvimento, todas as hesitações e repetições que o falante possa empregar. Em relação ao texto escrito, esses detalhes não podem ser captados pelo leitor, pois quaisquer resquícios deles são eliminados pelo autor para a elaboração de um texto o mais coeso e coerente possível.
Nota-se que a fala e a escrita possuem semelhança quanto a sua expressão na formalidade, a qual é utilizada de acordo com a necessidade do locutor. Na fala, este utiliza muitos pronomes e marcadores, o que pode aproximá-lo do ouvinte. Falante e ouvinte interagem simultaneamente, face a face. Na produção escrita, há a necessidade de uma linguagem clara, sem repetições desnecessárias, respeitando-se a estrutura sintática gramatical.
Não se pode generalizar, afirmar que uma modalidade é mais complexa, elaborada ou digna de atenção do que a outra, visto que as duas são de fundamental importância para a comunicação e possuem diversas nuanças.
3.1.0 Operações de transformação
As transformações do texto falado para o escrito são fatores indispensáveis para aprimorar o desenvolvimento e a prática da escrita.
Na fala, o locutor tem maior liberdade de comunicação (mas ainda assim está preso à situação comunicativa). A seleção lexical e a estrutura sintática se efetivam por meio de construções mais informais, sendo que se trata de um texto produzido espontaneamente entre os falantes. Já no texto escrito o escritor faz escolhas mais sutis, uma vez que dispõem de tempo para planejamento e possui também a possibilidade de editar o teto.
Não se podem fazer generalizações entre as modalidades faladas e escritas sem que antes se estabeleçam análises exaustivas entre os gêneros correspondentes.
3.1.1 A Comunicação Verbal e Não – Verbal
A comunicação é entendida como a transmissão de estímulos e respostas provocadas, através de um sistema completo ou parcialmente compartilhadas. É todo o processo de transmissão e de troca de mensagens entre seres humanos.
Para se estabelecer comunicação, tem de ocorrer um conjunto de elementos constituídos por:
- Emissor (ou destinador): que produz e emite uma determinada mensagem, dirigida a um receptor;
- Receptor (ou destinatário): é o que recebe a mensagem transmitida pelo emissor;
- Código: conjunto estruturado de signos;
- Canal: contato, meio físico, o veículo por meio do qual a mensagem é levada do emissor ao receptor. A mensagem circula através de dois meios:
- Meios Sonoros: ondas sonoras ou voz (ouvido);
- Meios Visuais: hesitação luminosa, percepção de retina (imagem);
- Mensagem: é tudo aquilo que o emissor transmite ao receptor, através de um canal de comunicação;
- Referente: é o assunto da comunicação, o conteúdo da mensagem.
Linguagem Verbal – a unidade principal é a palavra, falada ou escrita. Exemplo: diálogos, telefonemas, e-mails, chats, cartas, entre outros.
Linguagem Não-verbal - é a unidade diferente da palavra, é estabelecida principalmente por meio dos sons como o código Morse, gestos (convencionais ou codificados como o alfabeto dos surdos-mudos), pintura, música, dança, o “tambor falante das tribos do Congo”, por meio das imagens como cartazes, outdoor, placas –
ou o que chamamos de comunicação visual, Cartum, sinais de trânsito (placas indicativas, apito, semáforo), artes e até o sinal do computador.
Linguagem Mista: que combinam unidades próprias de diferentes linguagens, ou seja, contem imagens e palavras como, por exemplo, as histórias em quadrinhos e as charges.
3.1.2 A Natureza da Fala
“Toda conversação é uma luta pelo poder.
Uma pessoa quer sempre convencer a outra
Com seus argumentos.
Nós regulamos a nossa linguagem
Em função do ouvinte.”
Dino Pretti
A fala e a escrita utilizam-se do mesmo sistema lingüístico, mas de modalidades diferentes, ou seja, possuem características individuais. Ambas se dão dentro das práticas sociais. Pode-se dizer que a fala e a escrita possuem uma relação intrínseca, assim como os dois lados de uma folha de papel ou as duas superfícies de uma moeda.
Podemos dizer que o texto escrito possui maior densidade lexical. O texto falado, ao contrário do que se costuma afirmar, possui maior complexidade sintática.
Outra diferença entre os dois é a questão de tempo. Nos textos escritos o tempo é indeterminado, é possível calculá-lo durante o processo de produção; já na fala isto não ocorre, pois o ato de falar acontece concomitantemente com o pensamento, é imediata sua expressão.
“As diferenças entre a fala e a escrita se dão dentro das práticas sociais e não na relação dicotômica de dois pólos opostos.”
Ingedore Koch
Obviamente, há também textos escritos muito próximos da fala, por exemplo, os bilhetes, cartas familiares, textos de humor etc. Nestes textos a linguagem é mais coloquial e espontânea, assim como na fala.
Porém a gramática tradicional desconsidera, muitas vezes, a relação da fala com a escrita. A fala é, portanto, projetada para a escrita, desmerecendo dessa forma a língua falada, com o argumento de que esta é pouco fundamentada e artificialmente formulada e, dessa forma, a gramática ensinada nas escolas direciona-se para a língua formal e escrita.
No entanto a fala apresenta características próprias que a diferem da escrita: é relativamente não-planejável de antemão, no texto falado o planejamento e a verbalização ocorrem simultaneamente, ou seja, ele é seu próprio rascunho; o fluxo discursivo apresenta descontinuidades freqüentes; a fala apresenta sua sintaxe bem característica, mas sem descartar a sintaxe geral da língua; a fala é também um processo dinâmico, diferente da escrita, a qual é resultado de um processo estático.
Durante a fala, o face a face, o locutor que detém a palavra não é o único responsável pela produção do discurso, ou seja, a fala é uma atividade de co-produção discursiva onde mais de uma pessoa interage tendo um objetivo em comum: a finalidade de desenvolver o contexto. Os interlocutores utilizam estratégias cognitivas conversacionais, para reparar erros, parafrasear, explicar ou re-explicar algo já dito, exemplificar etc.
Portanto a língua falada não é absolutamente caótica ou desestruturada, pois possui, assim como a escrita, estruturação própria e de acordo com a cognição de seu usuário.
3.1.3 Ler para entender
Um dos caminhos para o desenvolvimento intelectual e ampliação de conhecimentos se dá através da prática da leitura. Seria importante que profissionais da educação, escola, pais, comunidade e as autoridades da educação estejam empenhadas e convencidas da profunda necessidade do ato de ler para a vida individual, social e cultural dos educandos.
Conforme o minidicionário Aurélio (1998:271); obra de referência; “ler” significa decompor as letras para obter o sentido da escrita, reconhecer, entender, declamar, fazer leitura, estudar
Ler não significa somente o que está escrito, fixado em papel e tinta, mas também significa uma leitura de mundo, interagir com os novos conhecimentos, encontrar novas formas de perceber e interpretar o mundo que nos cerca, trazendo para nós indivíduos, uma ação/reflexão e vice versa. Podemos entender que Paulo Freire (1989:17) em seu livro: O ato de ler e Lajolo (1999:7), já diziam em seus registros esta importância. A leitura do mundo é a ação e o mundo da leitura é a reflexão.
Uma dessas portas de entrada para a leitura, muito considerada no âmbito escolar está nos textos. Embora muitas vezes serem mal trabalhados (sem objetivo, sem uma preparação prévia), é necessário utilizar o texto como veículo do conhecimento da leitura, como também aplicativo de análises gramaticais. Veja que o termo utilizado é análise gramatical, visto que, o estudo se faz a partir da função, da real utilização da classe trabalhada, ou das classes trabalhadas: “o pronome ‘lo’ refere-se a um sujeito já mencionado anteriormente no discurso. Qual?”
3.1.4 Linguagem e Literatura
A linguagem é o aspecto mais importante da comunicação, envolve todas as situações do comportamento e, em geral, relaciona-se ao pensamento. Desenvolve a linguagem pelo dialogismo, segundo Baktin, que se concretiza pela troca de idéias, pela convivência social e também pela leitura.
Adolescentes e jovens, dificilmente conseguem expressar seus pensamentos com clareza, demonstrando assim, uma acentuada dificuldade na produção textual. Resulta-se pelo pouco desenvolvimento de leitura, pouco dialogismo, pouca interação entre eles (jovens) e professores e poucas oportunidades de debaterem assuntos em sala de aula, sendo muitas vezes interrompidos quando iniciam alguma manifestação de imposição dos seus pensamentos.
Mediadora da compreensão do mundo, a linguagem é possível dar-se também através das obras de arte, ler e interpretar telas pode causar inúmeras sensações e provocar reações inesperadas. Através de uma obra de arte podemos entender um período histórico, uma situação de determinado local, uma situação pessoal ou ainda pode ser um protesto ou um jeito de registrar.
Sendo a literatura uma forma de linguagem, ela não só é capaz de transmitir o que pensa e o que sente o homem de diferentes épocas, como também de interagir com o homem contemporâneo, levando-o a refletir sobre seu próprio tempo e transformá-lo.
“Literatura é a linguagem carregada de significado”.
Alceu Amoroso Lima
A linguagem é o material da literatura, seu veículo de comunicação, mas não como uma matéria meramente inerte como a pedra, mas já em si própria de uma criação do homem.
O ser humano tem a capacidade de criar cultura ao contrário do animal, incapaz de progredir. Cada geração humana, ao nascer faz parte de uma história, tem um passado, é herdeiro de um vasto saber, deixando e contribuindo para um aumento do conhecimento humano.
Por mais diferentes que sejam as formas de cultura e encontradas até agora, sabe-se que em todas elas está presente à arte. Um povo organizado socialmente desenvolveu algum tipo de arte – seja ela: canto, dança, pintura, teatro, literatura, desenho, música, escultura etc. a arte tem sido usada como um dos principais meios de expressão dos sentimentos, crenças, valores e emoções dos seres humanos, sejam quais forem suas raízes culturais –, mas todas essas realizações humanas não existiriam se o homem não dispusesse da capacidade da linguagem.
“Cultura é todo fazer humano que pode ser transmitido de geração a geração, através da linguagem. A cultura é a soma de todas as realizações do homem”
Segundo o mestre Aurélio Buarque de Holanda o verbete Literatura significa [Do lat. Litteratura.] s.f. 1. Arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa ou verso. 2. Conjunto de trabalhos literários dum país ou duma época.
A primeira refere-se à arte literária como a “arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa ou verso” e a segunda refere-se ao objeto de estudos da história da literatura.
É importante ainda ressaltar a imensa relação que a linguagem, comunicação, cultura e literatura têm. Por um lado se a linguagem é o sistema organizado de signos que serve como meio de comunicação entre indivíduos, sendo estes, sujeitos criadores de arte, pertencentes a uma cultura, por outro lado, ao ser sujeito que tenta expressar suas idéias, não se pode esquecer que a língua é um mecanismo vivo e, está em constante transformação, deve-se, portanto buscar uma linguagem nova. Na literatura é vista como a busca, no esforço de criar um novo estilo (Trovadorismo, Humanismo, Classicismo, Barroco...), partindo do que já existe e tentando modificá-lo. Mesmo porque a concepção de vida e de mundo está ligada à situação histórico-social.
3.1.5 Construtivismo/Interacionismo x Ensino Tradicional
Na visão construtivista interacionista o conhecimento é a matéria prima da educação. A mudança está na postura do professor. Ele não é mais o transmissor do conhecimento como na visão tradicional, agora, ele é um facilitador do conhecimento que deve transformar-se em leitor de diversas fontes: jornais, livros, revistas, obras de arte, fotos etc. Assim, o professor leitor consegue elevar o nível de conhecimento de seus alunos e ampliar a visão interpretativa, mesmo porque essas fontes já são de conhecimento real do educando, mas pouco trabalhadas em sala de aula.
Se na escola construtivista interacionista o professor media o conhecimento, na tradicional, ou ensino tradicional é seletivo e excludente. Quem não sabe o conteúdo, não recebe o diploma e ainda continua empregando um método condicionado, acomodado. Os alunos recebem o conteúdo pronto, respostas prontas, exercícios, testes e provas de conteúdos isolados, finalizando-os com regras sem entender a real função do uso em seu contexto. É esta escola que queremos “deletar”!
Há muitas possibilidades de interpretar textos na sala de aula, por exemplo, os textos visuais, que podem variar entre dois extremos: O professor pode adotar uma postura impressionista, onde cada aluno é levado a falar livremente sobre as impressões causadas pela gravura (espontaneidade), sendo que os resultados obtidos podem ser positivos, mas os conhecimentos sobre a obra ficarão restritos ao universo cognitivo que o aluno já possui (conhecimentos prévios). Ou uma postura analítica recheada, rodeada de conceitos teóricos, onde o aluno é desafiado a ampliar seus conhecimentos e suas capacidades interpretativas.
Entretanto, na perspectiva de uma metodologia mediadora do conhecimento significativa, ideal, se encaixaria a meio termo, entre o rigor da analítica e a espontaneidade da impressionista, e na sala de aula, que o aluno é permitido expressar livremente suas idéias individuais sobre o que vê, relacionando as imagens com experiências e conhecimentos prévios, sem deixar que o professor utilize ferramentas teóricas para auxiliar o aluno no aprofundamento de suas primeiras proposições expressas, avançando na aquisição de novos conhecimentos.
3.1.6 A Organização da vida de estudos na escola
Segundo Antônio Joaquim Severino, o estudante ao iniciar um novo ciclo de estudos, deverá adquirir uma nova postura, uma organização apropriada para obedecer às exigências de que lhes são impostas, explorando o aprendizado de maneira que desenvolva sua autonomia no processo de ensino aprendizagem.
Aqui o papel do professor é levar o aluno a pensar, conduzi-lo a descobrir a aprendizagem. E esta assimilação das aulas é garantida através da busca do querer saber mais do aluno, especializar-se em assuntos em que lhes são impostos, modificando seus pensamentos, desenvolvendo se sensos críticos, ampliando seus vocabulários, suas próprias análises, utilizando-se com todo e qualquer tipo de material de pesquisa.
4. OBJETIVO GERAL
4.1 Aplicar uma proposta efetiva de diferentes atividades de leituras e escritas que contemple o ler, o interpretar e a produção textual, utilizando diversos tipos de textos, formas, gêneros e metodologias.
4.2 Apontar a interferência da linguagem utilizada na internet, no cotidiano dos alunos em sala de aula.
5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Facilitar a compreensão de tipos e gêneros de textos encontrados em diferentes ocasiões;
- Oportunizar momentos lúdicos valorizando a expressão oral, escrita e representativa;
- Despertar o gosto e o prazer pela leitura;
- Participar de eventos culturais promovidos pela escola (teatro);
- Valorizar os trabalhos produzidos por jovens estudantes;
- Saber utilizar diferentes gêneros literários;
- Ler fluentemente, considerando os sinais de pontuação e suas funções;
- Ler, interpretar, analisar e inferir com desenvoltura;
- Observar e destacar a escrita nas produções textuais de adolescentes usuários da internet;
- Identificar os desvios linguísticos na escrita,
- Analisar se os adolescentes diferenciam os diferentes gêneros textuais e conseguem discernir a linguagem adequada a cada caso.
6. CLIENTELA
- Alunos da 5ª e 6ª série do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Rui Barbosa.
7. RECURSOS HUMANOS
- Alunos, professores, funcionários e pessoas convidadas para a entrevista.
8. RECURSOS MATERIAIS
- Varal de poesias, folhas xerocadas, aparelhos áudio visuais como: câmera digital, MP 3, televisão e DVD, material de armazenamento de dados como: CD ou DVD, tesoura, cola, embalagens (caixa) de papelão, fichas de papel cartão plastificados, cartões plastificados, bulas de remédios, papel colorido, folha de ofício branca e colorida, folder, propagandas de lojas e supermercados, painel de madeira e isopor (saguão), alfinetes, tecido tnt, bastão de cola quente, pistola de cola quente, canetas coloridas, rádio, fotografias, cartazes em cartolina, fita adesiva, caixa de mdf (correio)
9. ATIVIDADES
- Produções textuais diversas.
10. CONTEÚDO
- Língua Portuguesa
11. METODOLOGIA
- Trabalhos individuais, em duplas e em grupos com clima de liberdade de expressão; respeito aos pontos individuais e coletivos; abordagem de diversos textos literários e não literários, valorizando as possíveis interpretações explorando de forma criativa a participação do aluno; a gramática vista dentro do seu contexto textual e exposição das produções.
12. DURAÇÃO
- Início: 24/06/09 a 01/12/09
- 96 horas encontros presenciais;
- 204 horas práticas à distância (não presenciais).
13. CRONOGRAMA
DATA | LIVRO | UNIDADE | PÁGINA | TEXTO | TEMPO | METODOLOGIA | FINALIZAÇÃO |
01/07 | TP 3 | 09 | 19 | Biografia | 90 min | individual | Exposição no painel e debate |
08/07 | TP 3 | 10 | 65 | Classificados | individual | Exposição e escolha do melhor | |
14/07 | TP 3 | 11 | 105 | Lixo | Grupos com 4 integrantes | Exposição e debate | |
21/07 | TP 3 | 12 | 167 | Bula | 90 min | individual | Exposição |
20/08 | Filme Gestar II | Filme: Narradores de Javé | Individual – atividade de recuperação à distância | Relatório | |||
01/09 | TP 4 | 13 | 24 | Declaração de amor | 90 min | individual | Exposição e debate |
08/09 | TP 4 | 14 | 71,72 e 73 | Significado do texto | 90 min | individual | Exposição e debate |
09/09 | AAA 4 Versão professor | 15 | 97 e 98 | Brincando de quebra-cabeça | 45 min | Grupos com 4 integrantes | Debate |
15/09 | AAA 5 Versão professor | 18 | 57 | Sentido do texto/aula 4 | 45 min | Individual ou em duplas | Debate |
23/09 | Artigo Gestar II | O Processo da Leitura | Individual – atividade de recuperação à distância | Artigo | |||
29/09 | TP 5 | 19 | 117 | Coesão textual | 90 min | Duplas/trios | Exposição |
30/09 e 07/10 | TP 6 | 21 | 13 (Modelo) | Argumentação e linguagem | 135 min | Duplas | Exposição e debate |
13/10 e 20/10 | AAA 6 Versão aluno | 22 e 23 | 49 e 50 (Modelo) | Planejamento e escrita Revisão e edição | 180 min | Grupos com 4 integrantes | Exposição e debate |
28/10 | AAA 1 Versão aluno | 2 | 44 e 45 47 e 48 | Variantes linguísticas | 90 min | duplas | Troca e socialização entre os alunos |
28/10 | Gestar II | Memorial Reflexivo | individual | Escrita de um texto descrevendo como foi o meu processo de leitura e escrita. | |||
03/11 | AAA 1 Versão aluno | 3 | 75 e 86 (texto base) | Dialeto popular, gíria e propaganda | De | Duplas, trios e no máximo 4 integrantes | Vídeos de filmagem / entrevistas |
10/11 | AAA 2 Versão professor | 5 | 20 | Gramática: seus vários sentidos | 45 min | Duplas | Debate e registro no caderno |
14. AVALIAÇÃO
Os resultados serão satisfatórios se conseguirmos levar os alunos a desencadearem a necessidade sobre refletir o seu fazer, construir, produzir e informar-se, considerando que há necessidade de buscar no grupo o apoio e a compreensão para o desenvolvimento de um trabalho consciente. Será avaliado também a participação dos alunos nas discussões e nos levantamentos das questões para debate, bem como os comentários sobre as leituras realizadas, os planejamentos, as produções textuais e a responsabilidade nos prazos estipulados para as entregas dos trabalhos individuais, em duplas ou em grupos.
CONCLUSÃO
Através deste curso: GESTAR II, tentamos compreender um pouco mais das características específicas da fala de cada indivíduo, respeitando-os e aceitando o fato de cada indivíduo ter a sua própria particularidade, seja ela na fala, no convívio, no comportamento emocional, psicológico e intelectual.
É possível constatar em atividades rotineiras a dificuldade de expressão e escrita dos alunos. Aulas repetitivas de leitura e interpretação superficial de textos como, por exemplo, às fichas de leitura, em geral, são temidas pelos educandos. Com esses métodos já ultrapassados, mas ainda muito desenvolvidos, nota-se a lentidão e a antipatia durante o desenvolvimento de tais exercícios.
Porém, o que notei de imediato durante o desenvolvimento do Projeto de Programa Gestão de Aprendizagem Escolar foi o esforço e a dedicação dos alunos mediante as propostas de trabalhos. É claro que houve casos de resistência por parte de alguns alunos, pois o novo é desconhecido e temido. Notei também, que quando manipulavam pela primeira vez, instrumentos de trabalho como jornais, revistas e gibis foram de forma lúdica.
Com a introdução de uma nova proposta de leitura e escrita, de produções textuais variadas e com mais frequência, mas ainda que com regras, poucos foram os alunos que não alcançaram sozinhos os objetivos propostos.
Lastimo não poder ter na escola um laboratório de informática, para auxiliar e variar ainda mais a nossa educação. Temos os computadores e as cpu’s, mas não temos os estabilizadores e uma sala para o laboratório.
Por trabalhar com essa perspectiva, a relação e o envolvimento com o aluno e com a escola é muito enriquecedor. A escola como entidade educacional, participa e colabora com o necessário, oportunizando e valorizando momentos como esse, auxiliando o professor em tudo o que diz respeito à educação, a motivação e a formação social. O aluno colabora e oportuniza a troca e a absorção do conhecimento, importantíssimo no processo de ensino-aprendizagem.
Finalmente, com a participação mútua dos alunos, da escola e dos professores envolvido, a língua escrita e oral compartilhada com os novos pensamentos colabora com a ampliação do conhecimento, já que está sempre em construção e enriquece as aulas, valorizando àquilo que cada um tem a dizer e esperar que num futuro bem próximo, possamos ter mais alunos leitores.
OBRAS CONSULTADAS
AURÉLIO, Buarque de Holanda Ferreira. Minidicionário de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
BENTES, Ana Cristina; MUSSALIM, F. Lingüística Textual. São Paulo: Cortez, 2001.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: Linguagens, 5ª série. São Paulo: Atual, 2002.
FALCETTA, Antônio; MOTHES, Lígia. et al. Cem aulas sem tédio: sugestões práticas, dinâmicas e divertidas para o professor. Santa Cruz: Instituto Pe. Réus, 2000.
FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico. 13. ed. Porto Alegre: Art, 2004.
KOCH, Ingedore G. Vilhaça. Desenvolvendo os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002. 168p.
KOCH, Ingedore e TRAVAGLIA, L. C.Texto e coerência textual. São Paulo: Cortez, 2002.
__________O texto e a construção dos sentidos. 6ªed. São Paulo: Cortez, 2002.
__________A coesão Textual. São Paulo: Cortez, 1996.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: A Secretaria, 2001. 144p.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Básica. Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – GESTAR II. Língua Portuguesa: Cadernos de teorias e práticas – TP1, 2, 3, 4, 5, 6 e guia geral. Brasília: Ministério da Educação Básica, 2008.
SEVERINO, Antônio Joaquim. A organização da Vida de Estudos na Universidade. São Paulo: Cortez, 1996, p. 25 – 32.
SIMKA, Sérgio. Comunicação e expressão: criatividade e redação. Ensino superior. [s.l.]: p.50, julho 2004.
SOARES, Magda. Português através do texto. São Paulo: Moderna, 1990.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Tipos, gêneros e subtipos textuais e o ensino de língua materna. São Paulo: EDUC/PUCSP, 2002.
__________Gramática: ensino Plural. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2007.
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