segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Memorial Reflexivo

Atividade Extra
Memorial Reflexivo
Processo de aquisição da minha leitura e escrita
Aplicação
28/10/09

 O dia que não foi perfeito... mas era o esperado.




            Era uma vez, uma menininha com seis anos que não podia ir para pré escola. Sua mãe disse que lá era tudo e só brincadeiras e não se aprendia nada. Imagine só... era tudo o que a jovem criança queria.
            Aninha era uma dessas crianças muito ágeis e alegre, só ria e de tudo fazia brincadeiras. Adorava novas amizades e seu passa tempo preferido é desenhar.
            Um dia seu pai ensinou-lhe a desenhar uma casa. Esta casa era assim: telhado meio quadrado, uma chaminé saindo fumaça, paredes combinando, duas janelas com vidros e cortinas e uma porta fechada, trilho, flores para decorar, árvores para fazer sombra e um muro de pedras regulares onde o cão podia esconder-se. Ela achava o máximo passar o tempo com seu heroico pai. Para a menina, o pai era seu Super-Homem, cheio de habilidades inexplicáveis, mas com um coração de forças imensas.
            Então, tudo estava para mudar na vida da pobre, doce e ingênua Aninha. Que com tudo isso até pode-se fazer um poeminha.

O tempo foi passando e a criança só imaginando:
Quando vou para escola aprender brincando?
Não demorou muito e o dia chegou:
Uma foto foi tirada para na história ficar registrada.
Saíram então, sua irmã mais velha e pela mão a Aninha toda encantada.
Chegando à escola a menina estava assustada e decidiu ficar ali parada.
O sinal soou e a menina já se apavorou:
Será que é agora que eu vou?
Logo a professora entrou e a aula então começou.
Coçando a cabeça a menina bocejou:
Quanta decepção.
O encantamento virou uma ilusão
O que Aninha imaginava e esperava
Não passou de uma verdadeira prisão.
A uvinha soletrava, o bê-á-bá ela tentava,
Mas tudo não passava de uma piada.
Certamente de nada adiantava,
A professora passou a ser a bruxa que apitava
E as aulas a entediava.
Aninha não aprendia
Nem de noite, nem de dia,
O que fazer?
Nem ela mesma sabia.
A conclusão?
É que ficou de recuperação.
Não sairia com alegria
Daquela triste e fria
Alfabetização.
E quase teve um triste fim
Se não pensasse assim
Como a professora queria
Uma casa igual a que ela fazia
Não sairia com alegria
Daquela grande missão.

E agora...
Entendeu a verdadeira lição?
(Carmem Lúcia N. Schorr)

            Aninha se alfabetizou através de cartilhas e do método da abelhinha. Demonstrou muita dificuldade no decorrer do ano letivo de 1981 e com sete anos de idade. Para ela, sua professora era uma bruxa das mais malvadas possíveis e atualmente ainda relembra essa profissional de educação que a chamou de “burra”, sendo ridicularizada na frente de todos os seus colegas que riram naquele momento.
            Outro fato marcante na vida escolar da menina, ainda no mesmo ano e na mesma escola é claro, é a atitude vergonhosa de um colega seu que fez “xixi” na sala, sentado em sua carteira por ter tido medo de pedir para ir ao banheiro.
            A menina lembra-se também dos seus gritos constantes na sala de aula, sua voz rouca e grave, sua pele amarelada, seu tom agressivo e sua falta de paciência e de amor durante um ano inteiro.
            Mas Aninha não desistiu. Assim como na história da “Chapeuzinho Vermelho” o lobo mau tentou através das palavras persuadir a menina e conseguiu. Mas na história de Aninha a professora “bruxa malvada” não conseguiu, pois a grandiosa criança sonhava e sempre queria mais e não parou de estudar.
            A jovem sonhadora sempre persistia e ainda persiste nos seus ideais dentro do que acredita ser e estar correto. Cresceu, estudou e ainda continua se preparando para o futuro.
Assim Aninha (eu, Carmem), acredita na verdade, na mudança, no destino é claro, e na pedagogia do amor. Sem o amor nada é possível. Basta querer e acreditar.
 Tente e verás!
          

(Escrito e produzido por Carmem Lúcia N. Schorr)

Análise do filme: Narradores de Javé

Atividade de Recuperação
Análise do filme: Narradores de Javé
Aplicação
26/08/09



            Este filme brasileiro narra à memória oral do povoado (fictício) de Javé e é ilustrado com muito humor. Humor este que pode ser visualizado através das cinco versões diferentes descritas pelos moradores de Javé na produção do livro.
            A história acontece no sertão nordestino (Bahia), mostrando as sutilezas e ironias do povo baiano que para não serem submersos pelas águas de uma represa, na construção de uma hidroelétrica, precisam que a cidade seja considerada patrimônio histórico a ser preservado. Decidem e precisam então, escrever um livro de valor científico, sobre as grandes histórias populares do Vale do Javé. Mas para ironia do destino, poucos sabem ler e escrever e, o único adulto alfabetizado, o mais esclarecido é o carteiro Antônio Biá (José Dumont).
            Porém, Antônio Biá, o escriba, foi expulso da cidade por inventar fofocas “florear” escritas sobre os moradores de Javé, na tentativa de aumentar a circulação de cartas e manter o funcionamento da agência de correio onde trabalha.
            Mais uma vez a ironia é constatada. O carteiro agora é necessário para a salvação. Escrever a história de Javé é salvá-la do afogamento e quem sabe sua oportunidade de se redimir. Será agora o responsável por reunir as histórias sobre a origem da cidadezinha e escrever um livro chamado pelos próprios moradores de “livro da salvação”.
            Biá tem capacidade de aumentar histórias e com isso, traz à tona o papel do historiador que interfere na própria história, resumindo, relatando, selecionando e conectando os personagens de forma compreensível. A importância do sujeito na História será as soluções e saídas para o sofrimento do sertão.
            O livro é então responsabilidade de Antônio, o carteiro. Mas ele com tudo, apresenta uma série de dificuldades. Juntar as diversas versões de uma mesma história não será nada fácil ao escriba.
Nesse momento, percebemos a diversidade da história, já que é passada de geração em geração. Uma das histórias apresentadas pelo povo ao Biá, tem cinco versões diferentes, onde percebe-se as memórias incompatíveis, desafiando o escritor a resumir os relatos em uma única e possível verdade.
As alterações dos heróis são perceptíveis na sutileza de seus narradores orais e humorísticas na colocação de igualdade de gêneros e raças. Na primeira, a grande heroína é Maria Dina, relatada por uma mulher. Já a versão de um morador negro, o herói também é negro e, além disso, usa o dialeto africano para narrar o fato ao carteiro, aqui fazendo o papel importante de escriba.
Mas o talvez temido fim acontece. Biá entrega o livro em branco para a população. Logo, é acuado e cobrado por todos no meio da rua. Sai aos berros andando de costas, parecendo um recuo e não uma fuga, talvez na tentativa de olhar o passado a ser “destruído”, assim, afogará a memória, a cultura local e os antepassados já que foram tão cruéis com ele. Ou ainda, o tão esperado progresso, transforma o sertão em mar a partir da construção de uma hidrelétrica. É possível ainda perceber neste filme o quanto é marcante o presente, o passado e o futuro na constituição da história.
Com tudo isso, o que mais me deixou intrigada foi o fim do filme. Sabemos que os contos populares passando de geração para geração, perdem aos poucos sua veracidade. E a história do Vale do Javé é contada por Zaqueu e não escrita por Biá, na tentativa de distrair um viajante num bar a beira de um rio. Zequeu não estava presente no povoado. Será que essa história também é uma versão fruto de outras versões?